quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Meu amigo Michael Jackson- Parte 60

Michael tinha emitido um comunicado dizendo que o episódio pendente tinha sido um 'erro terrível', e ele tinha ficado 'tomado pela emoção do momento', mas que ele nunca iria 'intencionalmente pôr em perigo as vidas de suas crianças.'
Ele disse a mesma coisa para mim, mas com um tom um pouco defensivo:
'Os fãs queriam ver o bebê', disse ele. 'Eu o mostrei a eles. Tive um aperto firme. Eu não iria nunca colocar meu filho em perigo.' Fim da discussão.
Mas, claro, apenas porque estava encerrado para Michael não queria dizer que estava encerrado para todo mundo. Para muitas pessoas, o estrago já estava feito.
Logo após seu retorno da Alemanha, Michael tinha outra data na Corte para sua ação em curso com Marcel Avram. Sua última data na Corte foi seguida de uma rodada de imprensa a respeito de sua aparência. Em seguida, houve o incidente no hotel com Blanket. E agora, Michael pulou uma data na Corte, alegando ter sofrido uma picada de aranha na perna.
Houve muita especulação na imprensa sobre esta picada de aranha ter sido real. Na verdade, Michael tinha ido ao hospital para receber nutrientes e vitaminas por via intravenosa, como, às vezes, fazia. No meio da noite, ele acordou para ir ao banheiro. Esquecendo onde estava e que ele ainda estava ligado (às agulhas nas veias), ele se levantou. As agulhas foram arrancadas de sua perna.
Por meio de justificar a sua ausência no tribunal, ele mostrou a sua perna lesionada para o juiz e contou a história da picada da aranha. O juiz olhou para ele e não disse nada.
'Apesar do circo que a mídia desencadeou pelo incidente no hotel com Blanket, o Natal de 2002 em Neverland foi grande. Minha família estava lá, assim como Omer Bhatti e sua família, uma família da Alemanha com quem Michael tinha feito amizade, até Dr. Farshchian e sua família.
Nós todos amávamos os grandes Natais, com muita comida, presentes e as crianças correndo ao redor. Durante anos, tivemos o mesmo ritual de Natal. Nos meses que antecederam o feriado, Michael e eu sempre comprávamos os presentes juntos, às vezes convocávamos Karen para ajudar a encontrar o que tínhamos em mente.
Nós armazenávamos tudo o que tínhamos comprado no departamento dos bombeiros. Devido ao tamanho de Neverland e seu isolamento, os regulamentos de seguros ou de lei estadual da Califórnia exigiam que ele tivesse se próprio departamento de bombeiros no local, com um pequeno caminhão de incêndio ostentando um logotipoNeverland e com bombeiros em tempo integral.
O pessoal da equipe envolvia todos os presentes, rotulava cada um, conforme o seu conteúdo. Então, na véspera de Natal, Michael e eu gostávamos de escrever os nomes nos presentes e os colocávamos debaixo da árvore, em preparação para a manhã.
No dia de Natal, nós todos dormíamos, sabendo que não iríamos abrir os presentes imediatamente. Porque meu pai sempre teve que trabalhar na véspera de Natal, nunca abríamos os presentes até ele fugir para a Costa Leste.
Todo mundo se vestia... e então esperava. Prince e Paris eram muito pacientes, não só porque eles estavam acostumados ao ritual, mas também porque seu pai havia trabalhado duro para incutir neles um sentimento de gratidão e respeito. Quando meu pai chegou, Michael tomou seu lugar ao lado da árvore, entregando todos os presentes, ao estilo de Papai Noel.
Poucos dias depois da Véspera de Ano Novo, quando todo mundo tinha ido embora, Michael e eu passamos o dia assistindo a filmes e fazendo alguns trabalhos em seu escritório. No final da tarde, decidimos ir até a adega, que era o nosso acolhedor esconderijo secreto, abaixo da sala de jogo. A porta parecia ser parte da parede, então você tinha que saber onde ela estava, a fim de encontrá-la.
Dentro da adega, abrimos uma garrafa de vinho branco. Eu amo o meu vinho tinto, mas Michael preferia o branco. Naquela tarde, Michael e eu falamos sobre o futuro, e quais seriam as nossas metas para este ano que chegava. Desde o início, suas palavras eram arrojadas e ambiciosas, mas eu poderia ver o que ele queria dizer.
'Eu vou tirar a mim mesmo dessa bagunça financeira que todo mundo tem feito na minha vida', afirmou.
Esta foi a primeira vez que Michael tinha admitido abertamente para mim, ou tanto quanto eu sabia, a ninguém mais, que ele estava com problemas financeiros. O fato dele finalmente se dispor a encarar o fato de frente, foi surpreendente.
'Sim, a culpa é deles', eu respondi. 'Mas a culpa também é sua, por permitir que isso aconteça.'
'Eu precisava me concentrar em ser criativo', disse ele, com uma pitada de defesa em sua voz. 'Você sabe, quando eu fiz Off the Wall e Thriller, eu era o único que assinava cada cheque que saía. Tudo corria bem, na época.'
'O que mudou?' Eu perguntei, honestamente querendo saber. 'Por que você começou a deixar que outras pessoas lidassem com o seu dinheiro?'
'Ele ficou muito grande. Era demais para eu lidar', disse ele.
Embora possa parecer óbvia, essa admissão foi uma das únicas vezes que eu tinha ouvido Michael aceitar a responsabilidade pela situação na qual ele estava e pela disfunção da sua organização.
Mesmo agora, anos depois, é difícil entender por que ele estava tão hesitante sobre a discussão de problemas como estes, não apenas comigo, mas com qualquer um.

Créditos a http://offthewall.forumeiros.com

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