quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Meu amigo Michael Jackson- Parte 46


Uma vez que havíamos encontrado essa forma particular de tortura inofensiva, Michael e eu não poderíamos deixá-la morrer. Uma noite, depois de uma refeição na área privada de um restaurante em Londres, estávamos no meio da escada, para sair, quando Michael anunciou de repente:
'David. David, algo está errado. O show, David. Desça as escadas e toque na imagem três vezes com o seu dedo mindinho. Se você fizer isso, o show será salvo.'
David lamentou:
'Vocês tem que parar! Isso não está certo!'
Ele castigou-nos todo o caminho de volta descendo as escadas, continuou sua bronca ao tocar a imagem com seu dedinho por três vezes, e ainda se arrastava de volta até as escadas, para se juntar conosco.
No verão de 2001, os preparativos para o show estavam em alta, e eu tive que fazer malabarismos nessas funções, com tudo o que eu estava fazendo para Michael. Foi uma tremenda quantidade de trabalho, mas foi gratificante em todos os níveis.
O trabalho sobre o concerto foi um ponto decisivo para mim. Agora o meu trabalho não era apenas supervisionar os negócios pessoais de Michael. Eu era responsável por 'puxar' um grande concerto. Nada mau.
Tanto quanto eu estava preocupado com a situação médica de Michael, nunca imaginei que iria interferir com o seu desempenho no 30th Special. Ele era, afinal, um profissional consumado, e em último caso, ele usava o remédio para ajudar a preparar-se para uma aparição.
Mas como a noite do primeiro concerto se aproximava, Michael começou a ver um novo médico. Embora sua saúde tivesse melhorado sob os cuidados do Dr. Farshchian, chegou um momento em que o bom médico teve que voltar para sua família na Flórida. Ele não podia tomar conta de Michael, e nem eu poderia.
O médico que o substituiu estava em Nova York, ele era um homem doce, com uma boa família. Infelizmente, Michael, apesar do progresso que ele tinha feito com o Dr. Farshchian, solicitou os mesmos medicamentos antigos. Apesar de nunca ter parecido sofrer qualquer tipo de medo do palco, minha única teoria para explicar esse comportamento era que ele deve ter se preocupado com os próximos shows. O novo médico era ingênuo, e atendeu aos pedidos de Michael.
Tentei falar com Michael sobre isso, mas logo percebi que não conseguia alcançá-lo e que eu precisava de alguma ajuda. Sua família estava chegando à cidade para a sua aparição no especial. Havia laços que os uniam, não importava quanto tempo e distância houvesse entre eles e eu esperava que eles poderiam ser capazes de intervir.
Em quem mais eu poderia confiar? Se Michael soubesse que eu estava falando com alguém, mesmo que fosse de sua família, sobre minhas preocupações, ele teria me matado. Em geral, ele não queria envolver a família nos negócios, especialmente quando se tratava de coisas nas quais ele era inflexível sobre manter o segredo.
Mas eu estava convencido de que era a coisa certa a fazer, e assim eu falei com Randy, Tito e Janet. Tito e eu caminhamos ao redor do Four Seasons várias vezes, apenas conversando. Eu tive uma conversa privada com Randy. Eu não falava com a mãe de Michael: embora eu soubesse quanta influência ela tinha sobre ele, parecia errado entregar esta carga a uma mãe de uma certa idade, com notícias desesperadoras sobre seu filho amado.
A família levou as minhas palavras a sério, e um par de dias antes do show, eles se encontraram com Michael para falar sobre o assunto. Mas é claro que Michael disse-lhes que não havia motivo para preocupação. Ele mal reconhecia em si mesmo que ele tinha um problema. Eles queriam estar lá para ele, e eles tentaram, mas, como eu temia, ele não deixou sua família ajudar em sua vida particular, nem mesmo por um momento.
Michael evitava confrontos. Após a reunião, tudo o que ele disse sobre isso foi:
'Minha família me falou sobre o meu medicamento. Eles estavam fora de linha.'
Eu poderia dizer da forma como ele dispensou a conversa, sobre como ele não ficou mais convencido por eles do que tinha sido convencido por mim. Tenho certeza de que sua família persistiu, Janet e eu falamos várias vezes depois do especial, mas Michael simplesmente empurrou-os para longe.
Embora eu estivesse preocupado com Michael, eu não estava preocupado com o especial. Michael era um showman. Quando chegava a hora de se apresentar, era como se um interruptor na cabeça ligasse na posição on, e ele se transformava em outro ser. Eu sabia que, qualquer que fosse a situação com o seu medicamento, não iria interferir com as responsabilidades que ele sentia que tinha com o público.
Quando a manhã de 7 de setembro chegou, acordei cedo, cheio de emoção. Hoje seria a noite do nosso primeiro show. Nós todos tínhamos trabalhado tão duro para chegar a este ponto, e eu senti como se estivesse dando à luz ao meu primeiro filho. Mas ainda havia muito a ser feito antes do show e eu não poderia me permitir parar e descansar sobre minha conquista.

Créditos a http://offthewall.forumeiros.com

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