sábado, 29 de setembro de 2012

Meu amigo Michael Jackson- Parte 7


Em todo esse tempo, ele nunca se mostrou nada além de um amigo perfeito. Nunca avançou de forma questionável nem fez uma observação sexual. Meus pais eram mais velhos e mais sábios do que eu ou meu irmão. Sua perspectiva era mais ampla e mais abrangente do que a nossa.
E eles confiaram Michael implicitamente. Quando meu pai falou com Bill Bray sobre a possibilidade de Eddie e eu ficarmos durante o restante da turnê, Bill disse: 'Sim, Michael tem estado 'para baixo'. Essas crianças o mantém 'para cima'.
Meus pais sabiam que seríamos uma grande fonte de conforto para Michael. Eles checaram com a nossa escola para ver se poderíamos fazer o nosso trabalho da classe com um tutor. Então, finalmente, meu pai disse as palavras mágicas: 'Vocês podem ficar.
'E assim, meu irmão e eu estávamos em turnê com Michael Jackson. Meus pais voaram ao nosso encontro em várias cidades no roteiro, mas através de tudo isso, viajamos, assistimos a concertos e passamos o tempo com Michael.
Eu já o tinha como uma figura paterna e um amigo. No momento em que tudo acabasse, eu iria conhecê-lo como umentertainer. Eu também presenciaria e sentiria profunda compaixão pelas lutas que se iniciaram para Michael no dia em que ele foi acusado de abuso sexual e continuaram a persegui-lo pelo resto de sua vida.
Antes de ir para a América do Sul, a turnê teve uma pausa de uma semana na Suíça. Papai nos deixou em Gstaad, onde a amiga de Michael - Elizabeth Taylor - lhe tinha oferecido o uso de seu chalé. Gstaad era uma bonita aldeia nas montanhas, onde você poderia ver vacas andando pelas ruas entre as pessoas, balançando suas cabeças pesadas e soando seus chocalhos.
A primeira noite no chalé teve sopa de creme de frango em um hotel chamado Palace, logo abaixo da rua. Era tão gostosa que a pedimos novamente a cada noite. No chalé, havia uma doce vovó que cuidava de nós.
Ela era pequena e um pouco trêmula, e nos divertíamos lhe respondendo calorosamente, com um entusiasmo exagerado. Nós a abraçávamos e beijávamos até que ela desse uma risadinha, envergonhada. Fosse a sopa ou a velha senhora, achávamos que era engraçado estar 'por cima'.
Gstaad foi uma fuga perfeita dos rigores da turnê. Era uma cidade tão pequena e tão distante do resto do mundo que, no início, pelo menos, Michael podia andar livremente pelas ruas, sem disfarces, sem ser incomodado.Esta foi uma rara alegria para ele. Em nosso primeiro dia, entrávamos e saíamos juntos das lojas pitorescas, admirando e comentando sobre tudo o que Gstaad que tinha para oferecer. Em algum ponto, eu decidi que iria começar a colecionar canivetes e isqueiros artesanais. Eu acho que eu tinha ouvido falar dos canivetes suíços, mas eu não tenho ideia porque eu pensei que precisava de mais de um.
De qualquer forma, uma vez que eu tomei esta decisão, nós três estávamos totalmente comprometidos com ela. Assim, no curso de nossa estadia, encontramos (e Michael comprou para a minha coleção) quase todos os canivetes em toda a cidade. Quanto aos isqueiros, gostava de usá-los para deixar pedaços de papel em chamas (Não, eu não era um piromaníaco, apenas um garoto adolescente).
Mais tarde, quando estávamos saindo da Suíça, Bill Bray me pediu para entregar meus isqueiros. Ele não os queria no avião por razões de segurança, então ele disse que os guardaria para mim. Depois de partirmos, eu nunca mais os vi. Infelizmente, Bill Bray faleceu há vários anos. Para onde os meus isqueiros foram é um mistério que ele levou para o túmulo, com ele.
Uma coisa que eu sempre vou lembrar sobre o nosso tempo em Gstaad, foi Michael me apresentando à nova música. Nós sempre ouvíamos música juntos, e sempre que estávamos em uma loja de discos, eu ficava em pé , ao lado de Michael, para ver quais os álbuns que lhe chamavam a atenção.
Eu também ouvia as canções que eram populares no rádio, mantendo-me a par dos hits atuais. Ele tinha um empregado cujo único trabalho era preparar fitas cassete de músicas de topo de cada semana, de todo o mundo, e enviá-las para Michael.
Enfim, de volta ao chalé, sentamo-nos extasiados, ouvindo por horas, com Michael atuando como DJ, dizendo: 'Você tem que ouvir essa canção. Agora você tem que ouvir este grupo.' Ouvimos Stevie Wonder e todas as estrelas daMotown. Ele nos fez ouvir a música de James Brown - Papa Don't Take No Mess - todos os quatorze minutos da mesma.
Ouvimos a música dos Bee Gees, How Deep Is Your Love? (Eu ainda acredito que é uma das maiores canções de todos os tempos.) Michael passou por Aaron Copland, a quem ele considerava o maior compositor do século XX.
Ele me apresentou a todos os tipos de música country-folk, clássica, funk, rock. Ele até me aproximou de Barbra Streisand. Eu me apaixonei pela canção People. Michael gostava de ir dormir ouvindo música clássica, especialmente as obras de Claude Debussy.
Eu me lembro dele colocando um grupo chamado Bread. Eu não prestei muita atenção à música porque eu estava muito ocupado tirando sarro do nome. 'Bread? (Pão?) Que tipo de nome é esse? Quer um pouco de pão com manteiga? E esse tipo de bobagem.
Mas quando me acomodei por um minuto e realmente ouvi em vez de fazer comentários sarcásticos, ele se tornou um dos meus grupos favoritos. Eu queria saber tudo o que havia sobre Bread. Sim, era o meu pão doce (trocadilho ruim...).
Michael muitas vezes falou sobre a universalidade da música. Ele queria escrever uma música que qualquer pessoa em qualquer país pudesse cantar, e como nós viajávamos, eu ouvia as pessoas que não falam Inglês cantar Man in the Mirror, Heal the World e, mais tarde, Stranger in Moscow.
Ele sempre disse que as letras das suas canções escreviam-se por si mesmas. Era tudo sobre a melodia. Um músico - Brad Buxer - estava conosco na turnê, e como eles compunham juntos, Michael dizia a ele: 'Toque o piano como uma criança de cinco anos de idade, Brad. Se você puder tocá-lo como uma criança, ela (a música) vai durar para sempre.'
Durante o nosso segundo dia em Gstaad, nevou, mas naquela noite, ao anoitecer, o céu clareou. Michael disse: 'Vamos fazer pedidos às estrelas.' Nós saímos para o quintal e olhávamos para o céu daquela noite incrível. Michael disse, com um toque de misticismo em sua voz: 'Cuidado com o que você deseja.. irá tornar-se realidade.'
De repente houve um movimento nas proximidades. Um homem apareceu ao lado do jardim. Ninguém estava hospedado na casa conosco, e essa aparição inesperada definitivamente não era algo que qualquer um de nós tivesse desejado. Em um flash, Michael deu um pulo e começou a gritar para tentar assustar o cara, mandá-lo embora. Michael jogou uma luva para ele. (Se o cara tivesse alguma noção, teria fugido com com aquela luva e a guardaria para seus netos.)
O cara levantou seus braços no ar, dizendo: 'Não, não, está tudo bem.' Enfim, ele era um trabalhador inofensivo que tinha vindo para verificar algo na casa, e naquele nós pudemos ver que, com todo o seu amor pelas coisas infantis e a absorção infantil que encontrava nelas, Michael absolutamente viu-se responsável por nós. Ele era o nosso protetor, e nesta posição, ele não tinha medo de nada nem de ninguém.
No dia seguinte, espalhou-se a notícia sobre o ilustre visitante que estava hospedado no chalé de Elizabeth Taylor, e alguns fãs apareceram. Tarde da noite, eles se reuniram fora do chalé e começaram a cantar algumas das músicas de Michael. Fomos à janela e passamos algum tempo conversando com eles.
Isso não era incomum: onde quer que fôssemos, Michael iniciava conversas com seus fãs. Ele queria saber de onde vinham, o que gostavam de fazer. Ele os amava, e não importa o quão grande fosse o seu número, ele nunca deixava de ver e respeitar cada um, como indivíduo.
Nos enxames de fãs que se encontravam onde quer que ele fosse, poderia ter alguém que prezasse sua solidão como Michael fazia, mas ele sempre encontrava uma maneira para mostrar sua apreciação, dando ainda mais de si mesmo para seus fãs. Ele era tão aberto às pessoas como o era às experiências, e esta, também, foi uma lição que eu aprendi com ele.
Um dos caras da equipe de segurança de Bill Bray, Wayne Nagin, foi a cada parada da turnê um dia antes de nós, para coordenar o transporte, hotéis e segurança. A segurança era importante. Dangerous foi a maior turnê de Michael. Os fãs sempre sabiam, de antemão, que ele estava vindo para a cidade.
Nós não poderíamos viajar sem escolta policial. Quando chegamos, a rota entre o jato particular e o hotel estaria cercada pelos fãs, como se toda a cidade tivesse sido fechada a fim de dedicar-se para receber a Michael Jackson.
Em Buenos Aires, a intensidade dos fãs parecia maior do que nunca. Enquanto nos dirigíamos para o aeroporto, centenas de pessoas perseguiam o carro, batendo nas janelas, querendo ver MJ por dois segundos, tentando tocá-lo. As pessoas nas calçadas acenavam para nós por todo o caminho para o hotel, como se Michael fosse o papa.


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