sábado, 29 de setembro de 2012

Lee declara amor a Michael




 O cineasta americano Spike Lee exibe no Festival do Rio de Janeiro seus dois filmes mais recentes,o festival exibirá pela única vez no Brasil seu documentário musical “Bad 25″. O filme não será lançado em circuito comercial. Além do Rio, São Paulo o receberá numa mostra do evento carioca realizada no CineSesc. Depois disso, deve ganhar lançamento direto em DVD.
Mais que um registro da gravação do álbum clássico “Bad”, que está completando 25 anos, “Bad 25″ é, segundo o dirtor, uma “carta de amor” a Michael Jackson. “O que Michael Jackson significa para mim está escrito aqui, está incorporado neste documentário. Isto é uma carta de amor a Michael Jackson”, declarou o cineasta, durante a primeira apresentação do documentário para a imprensa, no recente Festival de Veneza. “Eu cresci com ele. Na época em que ele fazia parte do Jackson Five, eu queria ser como Michael Jackson. Tinha o cabelo afro, mas não podia cantar e dançar como ele”, continuou Lee, que chegou a trabalhar com o Rei do Pop enquanto ele era vivo – Spike Lee filmou no Brasil o clipe de “They Don’t Care About Us”, em 1996.
Assim, Lee assume que o filme, exibido fora de competição no Festival de Veneza, é uma hagiografia. Trata-se de uma celebração exacerbada ao Rei do Pop, que resgata clipes e uma série de imagens de shows de Michael Jackson para lembrar os principais sucessos do disco.
O disco de 1987 tinha a difícil missão de suceder “Thriller”, o álbum mais vendido da história da música pop. E ele surpreendeu por não tentar imitar o som do trabalho anterior, encontrando um novo rumo musical para o cantor, com baladas épicas, que marcariam seus próximos sucessos. Pela primeira vez, Michael demonstrou o que poderia fazer com uma liberdade criativa muito maior, assinando a composição de oito das dez canções do LP original, e ainda sendo creditado como co-produtor. O resultado forma uma trinca com os álbuns “Off the Wall” e “Thriller”, todos produzidos pelo jazzista Quincy Jones, que redefiniram o gosto do planeta ao jogar sintetizadores e batidas eletrônicas no rhythm & blues, criando uma mutação na música pop.
O documentário resgata os bastidores das gravações, mostrando Michael Jackson em estúdio, e inclui depoimentos dos que trabalharam com o cantor na época, como o cineasta Martin Scorsese, que realizou uma clipe/curta de 18 minutos para a faixa-título. Graças ao apoio tanto da família Jackson quanto da gravadora do cantor, Lee teve acesso a várias imagens e pessoas essenciais na criação do disco. Além disso, também incluiu depoimentos de músicos atuais, como Kanye West, Cee Lo Green e até Justin Bieber, refletindo sobre o impacto de Michael Jackson em suas carreiras.
O filme reserva algumas surpresas, mas não disfarça sua intenção de pintar o retrato de um gênio, que se preocupava com cada etapa do processo de produção. “É raro você poder ver como algo é construído”, observou o diretor. “Nós apenas vemos o produto final. Nós não vemos o sangue, suor e lágrimas, todo o trabalho que envolve a maneira como os mestres trabalham.”
Vários entrevistados se emocionaram ao longo das filmagens, especialmente ao evocarem o falecimento de Jackson. Para salientar a ligação, a canção “Man in the Mirror”, que finaliza o documentário, aparece como a trilha sonora de sua morte, ocorrida em 2009, 22 anos após o lançamento de “Bad”. “‘Man in the Mirror’ se transformou em um hino para ele, como ‘Imagine’ na época do assassinato de John Lennon. Quando Michael Jackson morreu, o povo cantava ‘Man in the Mirror’ nas ruas”, comparou o cineasta.
Mas “Bad” também foi o último disco antes da vida do cantor mergulhar numa espiral interminável de escândalos, representando os últimos instantes de Michael Jackson como uma unanimidade mundial.
Foi em suas faixas que se ouviu, pela primeira vez, uma reação do cantor ao sentimento de perseguição que começava a lhe incomodar.
Na música “Leave Me Alone”, ele reagia contra os paparazzi e o interessa da mídia em revelar histórias bizarras sobre sua vida privada. Na ocasião, já tinham começado a aparecer as histórias mais estranhas em torno do músico. Entre elas, a de que dormia numa câmara de oxigénio para adiar o envelhecimento.
“Eu acho que foram muitos anos que nós… nos concentramos em coisas sobre Michael Jackson que não tinham nada a ver com a música”, lembrou Lee aos jornalistas. Com “Bad 25″, ele faz sua parte para “corrigir” a biografia do cantor, em busca de sua mitificação.

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